Maria Firmina dos Reis


 Maria Firmina dos Reis nasceu na Ilha de São Luís/MA , em 11 de março de 1822, sendo batizada somente a 21 de dezembro de 1825, em virtude de uma enfermidade que a acometeu nos primeiros anos de vida. Segundo o registro, Maria Firmina foi batizada na freguesia de N. S. da Vitória, em São Luís do Maranhão, sendo padrinhos o Capitão de Milícias João Nogueira de Souza, e Nossa Senhora dos Remédios, não sendo informada nem sua paternidade, nem a data do seu nascimento. Em 25 de junho de 1847, visando à inscrição no concurso público da cadeira de primeiras letras da Vila de São José de Guimarães, possível para pessoas com idade mínima de 25 anos, Maria Firmina solicitou nova certidão de Justificação de Batismo, na qual informou a data de nascimento como 11 de março de 1822, e o nome de sua mãe, Leonor Felipa, mulata forra, sendo o processo concluído em 13 de julho desse mesmo ano. Leonor Felipa havia sido escrava do comendador Caetano José Teixeira, falecido em 1819, grande comerciante e proprietário de terras na Vila de São José de Guimarães, proprietário de uma companhia comercial com avultadas transações no fim do período Colonial e no inicio do Império.

Tanto o registro de batismo como a Certidão de 1847 são omissas em relação ao nome do pai de Maria Firmina, o qual apenas é declarado no seu registro de óbito, datado de 17 de novembro de 1917, com o nome de João Pedro Esteves. João Pedro Esteves, homem de posses, era sócio do antigo dono da mãe de Maria Firmina, a escrava Leonor Felipa, na sua companhia comercial. Segundo algumas fontes, seria prima do escritor maranhense Francisco Sotero dos Reis por parte da mãe, embora se desconheça com que fundamento e em que grau.

Em 1830, mudou-se com a família para a Vila de São José de Guimarães, no continente. Viveu parte de sua vida na casa de uma tia materna mais bem situada economicamente. Em 1847, concorreu à cadeira de Instrução Primária nessa localidade e, sendo aprovada, ali mesmo exerceu a profissão, como professora de primeiras letras, de 1847 a 1881, Maria Firmina dos Reis nunca se casou.

Em 1859, publicou o romance “Úrsula” considerado o primeiro romance de uma autora do Brasil. Em 1887, publicou na Revista Maranhense o conto “A Escrava”, no qual se descreve uma participante ativa da causa abolicionista. Publicou também Gupeva. Romance, 1861/1862, ainda poemas em “Parnaso maranhense’, 1861, o Conto A escrava na Revista Maranhense n° 03 - MA/1887. Cantos à beira-mar. Poesias/1871 e Hino da libertação dos escravos/1888. Muitas poesias e textos publicados em jornais e revistas: A Imprensa, Publicador Maranhense; A Verdadeira Marmota; Almanaque de Lembranças Brasileiras; Eco da Juventude; Semanário Maranhense; O Jardim dos Maranhenses; Porto Livre; O Domingo; O País; A Revista Maranhense; Diário do Maranhão; Pacotilha e Federalista.

Aos 54 anos de idade e 34 de magistério oficial, anos antes de se aposentar, Maria Firmina fundou, em Maçaricó, a poucos quilômetros de Guimarães, uma aula mista e gratuita para alunos que não podiam pagar: conduzia as aulas num barracão em propriedade de um senhor de engenho, à qual se dirigia toda manhã subindo num carro de boi. Lá, lecionava às filhas deste, aos alunos que levava consigo e a outros que se juntavam. A acadêmica Norma Telles classificou a iniciativa de Maria Firmina como “um experimento ousado para a época”. Essa ação inovadora vai ao encontro das lutas das feministas brasileiras do final do século XIX que desejam a igualdade de ensino para meninas.

Maria Firmina dos Reis participou da vida intelectual maranhense: colaborou na imprensa local, publicou livros, participou de antologias, e, além disso, também foi musicista e compositora. A autora era abolicionista: ao ser admitida no magistério, aos 22 anos de idade, sua mãe queria que fosse de palanquim receber a nomeação, mas a autora optou por ir a pé, dizendo a sua mãe: “Negro não é animal para se andar montado nele.” Chegou também a escrever um “Hino da Abolição dos Escravos”

Descreveu-se, em 1863, como tendo “uma compleição débil, e acanhada” e, por conta disso, “não poderia deixar de ser uma criatura frágil, tímida, e por conseqüência, melancólica.” Os que a conheceram, quando tinha cerca de 85 anos, descreveram-na como sendo pequena, parda, de rosto arredondado, olhos escuros, cabelos crespos e grisalhos presos na altura da nuca. Uma antiga aluna caracterizou-a como uma professora enérgica, que falava baixo, não aplicava castigos corporais, nem ralhava, preferindo aconselhar. Era reservada, mas acessível, sendo estimada pelos alunos e pela população da vila: toda passeata de moradores de Guimarães parava em sua porta, ao que davam vivas e ela agradecia com um discurso improvisado. Maria Firmina dos Reis faleceu cega e pobre, aos 95 anos, vivendo na casa de uma ex-escrava, de nome Mariazinha, mãe de um dos seus filhos de criação. É a única mulher dentre os bustos da Praça do Pantheon, que homenageiam importantes escritores da terra, em São Luís/MA. É nome de prêmio literário anual Promovido pela ‘Casa de Cultura e Produtora A Borda’ com o apoio da “FLUP - Festa Literária das Periferias” o Prêmio Maria Firmina de Literatura.

Composições musicais: Auto de bumba-meu-boi (letra e música); Valsa (letra de Gonçalves Dias  e música de Maria Firmina dos Reis); Hino à Mocidade (letra e música); Hino à liberdade dos escravos (letra e música); Rosinha, valsa (letra e música); Pastor estrela do oriente (letra e música); Canto de recordação (“à Praia de Cumã”; letra e música).

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